domingo, 22 de maio de 2011

Notícia: Células estaminais embrionárias chegam aos doentes

É uma nova era na medicina regenerativa. A reacção foi consensual depois da notícia de que está em curso o primeiro ensaio clínico com células estaminais embrionárias para tratar lesões da coluna, e tentar dar alguma mobilidade a doentes paralisados. Ontem a biotecnológica Geron, sedeada na Califórnia, anunciou ter feito a primeira infusão num doente. O objectivo é avaliar a segurança da potencial terapia.

Rui Reis, especialista em células estaminais e director do grupo 3 B''s da Universidade do Minho, diz que o avanço é promissor: "É mesmo o início de uma nova era. Vemos os ensaios chegarem finalmente aos doentes, e num espaço muito curto de tempo", sublinha o investigador, lembrando que a eficácia da terapia em ratinhos foi demonstrada há apenas cinco anos, e que nos anos 90 não passava de uma ideia.

O primeiro doente está a ser acompanhado no Centro Shepherd, Atlanta, especializado em lesões da espinal medula, mas outros poderão submeter-se ao ensaio clínico que deverá prolongar-se por 15 anos e que nesta fase visa validar a segurança da infusão. Além de científica, ainda há uma barreira ética: é a primeira vez que se utilizam células derivadas de embriões excedentários de um processo de fertilização in vitro - que em Portugal não é permitido pela legislação, explica Rui Reis. O investigador aponta outro constrangimento para a ciência portuguesa: para chegar a esta fase, a Geron já investiu 170 milhões de dólares, sem ter posto nenhum produto no mercado. "Provavelmente o retorno será enorme, mas vai levar muitos anos, e os custos aumentam exponencialmente à medida que se avança para outras fases nos ensaios clínicos." Os doentes que participarem neste estudo têm de receber a infusão sete a 14 dias após a lesão, antes que a espinal medula comece a cicatrizar. Não é certo que recuperem, mas a esperança aumenta.

© ionline, 12 Out. 2010

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